Engane-se quem pensa que ir de férias com duas crianças de 2
e 4 anos – ou vice-versa – é como nos filmes. Bem, até que pode ser... Se
estiverem a pensar assim num mix entre “Massacre no Texas” e “Pesadelo em Elm
Street” com direito às sequelas todas, mas sem a motosserra.
Na viagem de avião, trocámos de papéis. Em vez de serem eles
a perguntar de meio em meio minuto se já tínhamos chegado, era eu. Entre
gritos, pontapés, baba, ranho, granola a voar e vários subornos açucarados e desesperados vindos de
vários passageiros assim decorreu a violenta e inesquecível viagem de hora e
meia até à Madeira. Quando lá cheguei, só conseguia pensar na viagem de
regresso. Será que ia ter de levar com aquele circo todo mais hora e meia? O
meu pobre coração não aguentava mais uma viagem daquelas. “Mas depois penso
nisso”, animei-me eu com uma palmadinha nas costas, “Já passou, já passou”, cantarolei
mentalmente. Finalmente poderia descansar agora que estava em terra. Nada
poderia ser tão mau como aquela viagem. Pensava eu, em toda a minha
ingenuidade...
Ora bem, conseguir fazer uma refeição com os dois
sentados era mentira. Sentar para comer é para fracos. A melhor refeição que lá
fiz foi quando ambos adormeceram no restaurante. Maravilha! J A pior foi com o mais
novo ao colo enquanto sorvia a comida de pé (nem sei o que comi) para depois
chegar ao quarto e levar com o vomitado do mais velho em cima. Maravilha! J
Mas eles não se ficam pelas refeições: dormir também é para
fracos… Bem como vestir, lavar dentes, andar de carro, subir escadas, descer
escadas, entrar em elevadores, carregar em botões (todos, todos, todos),
respirar… Tudo era motivo para fazer mais uma birra. Não sei que se passou. Ainda hoje desconfio daquelas bananas. E
o melhor mesmo era a porta do quarto do hotel não permitir trancar por dentro,
bastava rodar a maçaneta e eis que todo o hotel estava à disposição o que
resultava em breves fugas do mais novo pelos corredores com o pai em
cuecas a persegui-lo. Felizes das velhotas que puderam testemunhar aquele momento.
Só vos digo uma coisa: ir de férias cansa. Só volto a fazer férias em 2050!
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